Cidade Medieval

Gorendill: 1410 (04)

Vou dizer a verdade: por um bom tempo fiquei sem saber o que fazer com este material. A proposta inicial em si é boa mas, na minha opinião, o autor não soube como desenvolve-la. Além disso, notei algumas discrepâncias entre as ideias apresentadas no trabalho original e algumas das premissas do cenário atual que conhecemos – provavelvente devidas a desatualização do material – que precisariam ser retificadas.

Do jeito em que estava, a coisa toda mais parecia uma peça de quebra-cabeças que não se encaixava em lugar algum. Chegou um momento em que pensei em simplesmente excluir este material de vez. Mas, depois de muito esforço, acabei um lugar para ele.

Apresento então Farbos, o anão!


Farbos, o Anão

Apesar de não existir preconceito racial aberto em Gorendill (com a exceção de minotauros, que deve ser tratada como um caso à parte), poucos são os membros de raças não-humanas que fazem da cidade seu lar. Mesmo considerando que a população local não é particularmente grande, e que humanos formam a grande maioria no reino de Deheon, ainda assim acredita-se que a proporção de moradores não-humanos não seja muito maior do que 1 a cada 100 habitantes.

Devido a este fato, tais moradores não-humanos acabam se tornando celebridades locais sem muito esforço. Sua própria presença é tão inusitada que, por si só, os transforma em figuras memoráveis. Este foi um dos motivos pelo qual um dos estabelecimentos comerciais mais populares da cidade pode ser batizado de “Taverna do Minotauro” sem grandes problemas.

Mas, mesmo se este não fosse o caso, é quase certo que o nome do anão Farbos ainda assim teria se tornado conhecido por todos na cidade. Sua história é por demais trágica para ser ignorada.

O Triste Passado

Farbos é filho de um anão aventureiro que se chamava Ferios. Junto com o amigo de infância – Tarok – Ferios por anos vagou o mundo em busca de aventuras, acumulando fama e riquezas pelo caminho. Houve um tempo em que os bardos incluíam esta dupla de anões entre os nomes dos grandes heróis de Arton.

Mas um dia isso mudou. Cansado da vida solitária de herói, Ferios deixou as aventuras de lado para constituir família. Acabou se casando com Marla, uma simples e pacífica camponesa anã que conheceu em suas viagens. Não demorou muito para que ela tivesse seu único filho – Farbos.

A primeira tragédia da vida de Farbos o atingiu quando ele ainda era uma criança. Durante o que deveria ter sido uma feliz viagem de família, os três foram pegos de surpresa pelo ataque repentino de um bando de trolls. Ferios fez o que pode para proteger a todos, mas Marla acabou morrendo em meio ao combate.

Ferios tornou-se um homem amargurado após o acidente. Perdido em seus próprios tormentos de tristeza e frustração pela morte da esposa, ele chegou inclusive a negligenciar o próprio filho. Eventualmente, não pode mais se conter: após deixar Farbos aos cuidados de Tarok (que então vivia em Gorendill), Ferios partiu sozinho em uma cruzada de vingança contra os trolls.

Tarok criou o jovem como o filho que nunca teve, ensinado a ele tudo que sabia. Desde as tradições fundamentais da cultura dos anões, até as idiossincrasias características dos aventureiros. Farbos também amou o idoso guerreiro como um pai, mas nunca conseguiu esquecer aquele que lhe deu vida. Mesmo não tendo boas memórias de Ferios, continuou a esperar pela sua volta e a desejar uma reconciliação com ele.

Aos 50 anos de idade, pouco antes de atingir a maioridade dos anões, Farbos se viu na posição de ter que prematuramente tomar as rédeas de sua própria vida após Tarok falecer de doença. Seguindo os passos de suas duas figuras paternas, ele se tornou um aventureiro e partiu para conhecer o mundo. Nesta época, ele fez parte de diversos grupos de heróis. Conheceu personagens ilustres. Mas nunca conseguiu que sentir que pertencia a lugar algum. Suas perdas passadas o impediram de formar laços verdadeiramente duradouros com qualquer pessoa.

Foi sob tais circunstâncias que ele encontrou o machado ancestral. Um artefato mítico de origens incertas, que esteve presente em diversos momentos importantes da história da civilização anã em Arton. Um tesouro sem preço para qualquer anão, mas para Farbos ele tinha um valor diferente – era a arma pessoal de Ferios, o único item que ele havia levado consigo ao partir.

Tendo encontrado a primeira pista do paradeiro de seu pai após anos, Farbos mergulhou de cabeça em uma busca para encontra-lo. Deixou para trás amigos e amores. Adentrou em locais perigosos, que nenhum homem são ousaria sequer a se aproximar. Chegou inclusive a visitar Doherimm (até então uma terra estranha para ele) e desbravar pontos desconhecidos do mundo subterrâneo.

Ao final de sua jornada, o jovem anão conseguiu achar seu pai; mas isso não lhe trouxe nenhum conforto. Farbos jamais fala do que ocorreu durante o reencontro com Ferios. Ainda assim, é claro que o evento lhe trouxe grande dor e desapontamento.

Farbos, hoje

Farbos retornou à Gorendill apenas recentemente, tendo passado anos fora, e tem vivido na casa onde foi criado por Tarok desde então. Abandonou a vida de herói errante, mas ainda atua como mercenário, vendendo seus serviços a quem puder pagar. Neste sentido, ele possui um contrato de longo prazo com o prefeito Guss Nossin, no qual Farbos se encarrega de realizar expedições de extermínio de monstros, ajudando assim a diminuir a incidência de ataques dos mesmos. São poucos hoje em dia que sabem sobre situação de criaturas monstruosas nos arredores da cidade tanto quanto o anão.

As tragédias na vida de Farbos o tornaram muito retraído. Um homem de poucos amigos, ele raramente se socializa com outros e nunca fala mais do que o necessário. Para a surpresa de muitos, ele parece não gostar de álcool e bebe pouco para os padrões dos anões.

Como era de se esperar, ele nutre um ódio mortal por trolls e seres aparentados – sendo capaz de atacar um destes assim que o vê. Por outro lado, uma vez que não estava em Gorendill durante a Injúria, Farbos não possui nenhuma aversão em especial contra minotauros. De fato, o anão provavelmente será uma das caras mais amigáveis que membros desta raça encontrarão na cidade.

Farbos, Exterminador de Monstros: anão, Guerreiro 10, LN; ND 11; Médio, desl. 6m; PV 105; CA 23 (+5 nível, +8 armadura); corpo-a-corpo: machado ancestral +18 ou +13/+13 (2d8+11, +2 e +2d6 contra Monstros, crit. x3), a distância: machadinha obra-prima +11 (1d6+7, crit. x3, dist. 3m); hab. +4 na CA contra criaturas de tamanho Grande ou maior, +4 nos testes de resistência contra venenos e magia, Redução de Dano 5/-, Visão no Escuro; Fort +9, Ref +6, Von +7; For 19, Des 10, Con 19, Int 11, Sab 13, Car 10.

Perícias & Talentos: Atletismo +10, Iniciativa +15; Percepção +10; Arma Amada, Ataque Duplo (machado anão), Especialização em Arma (machado anão), Especialização em Arma Racial, Especialização em Armadura (pesada), Exterminador de Monstros, Foco em Arma (machado anão), Foco em Arma Aprimorada (machado anão), Foco em Armadura (pesada), Iniciativa Aprimorada e Saque Rápido.

Equipamento: machado ancestral*, machadinha obra-prima x4, meia-armadura de adamante, obra-prima, selada e sob medida.

*O machado ancestral é um artefato único. Nas mãos da maioria das pessoas, ele não passa de um machado anão de adamante magistral. No entanto, ele demonstra seus verdadeiros poderes quando empunhada por um anão, recebendo um bônus mágico igual a metade do nível de personagem do mesmo (arredondado para baixo). Esse bônus pode ser usado para aumentar o bônus de melhoria da arma ou comprar habilidades mágicas, a escolha do portador. Para Farbos, ele é tratado como um machado anão +2 de adamante, antimonstro e impaciente.

Rumores & Boatos

  • Dentre os antigos companheiros de aventuras de Farbos, alguns acabaram se tornando figuras importantes na sociedade artoniana. Exemplos incluem Vladislav Tpish (professor da Academia Arcana), Mark Silver (membro do Conselho Regente de Malpetrim) e Mylena Marillon (atual sumo-sacerdotisa de Marah);
  • Farbos sabe da existência dos finntroll e seu império subterrâneo. De fato, estas criaturas perversas estariam de alguma forma relacionadas aos eventos que levaram ao reencontro do anão com seu pai;
  • Farbos acredita que o estranho aumento da incidência de monstros na região esteja de alguma forma relacionada à Torre dos Três Magos e seus residentes. Apenas dois motivos o impediram de levar suas suspeitas para o prefeito até agora. Primeiro, os magos são figuras poderosas e de grande reputação dentro da cidade – não são o tipo de pessoas que se pode acusar sem provas concretas. Segundo, ele esta consciente de que – como muitos membros de sua raça – possui um preconceito natural quanto à magia arcana e seus praticantes, e portanto não pode descartar a possibilidade de estar terrivelmente equivocado;

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