Apresento aqui a primeira contribuição para meu novo projeto. Para falar a verdade, quebrei a cabeça decidindo quanto ao ordenamento dos trabalhos que vou apresentar aqui. No fim, decidi por seguir a mesma sequência dos artigos que foram publicados na revista Tormenta.
Aproveito também para deixar claro aqui que este projeto será composto principalmente por materiais descritivos. Detalhamentos de regras e tal serão poucos, incluídos apenas onde for estritamente necessário. Aqueles que já leram o antigo Reinado D20 provavelmente terão uma boa ideia do que eu estou falando.
Sem mais delongas, segue a Taverna Búfalo Bravio.
A Taverna Búfalo Bravio
Desde o evento chamado a Injúria, os minotauros ganharam uma péssima reputação em Gorendill. A maioria dos residentes locais considera a palavra de um minotauro como tendo tanta credibilidade quanto a de um sszzaazita, e alguns sequer conseguem tolerar a presença de membros desta raça dentro da cidade. Não é exagero dizer que a palavra “minotauro” tornou-se um sinônimo para “hipócrita” e “traidor”, e que nada relacionado a este povo é visto com bons olhos.
Ainda assim, existem exceções – sendo que a Taverna do Búfalo Bravio é provavelmente o exemplo mais claro.
Originalmente chamada de a Taverna do Minotauro, o estabelecimento tinha este nome devido ao seu inusitado proprietário: o minotauro Biggorn. Nativo de Tapista, Biggorn veio ao mundo como filho de um produtor de vinho de pouco sucesso. Aprendeu com o pai tudo o que pode sobre manufatura de bebidas alcóolicas e, após a morte deste, deixou sua terra natal em busca de melhores oportunidades. Acabou se fixando em Gorendill, onde abriu um bar em que servia licores feitos por si mesmo.
Na época da chegada de Biggorn em Gorendill, pouco tempo havia se passado desde o início dos contatos entre Reinado e Tapista. Portanto, o povo local ainda sabia muito pouco sobre os minotauros e seus costumes. Isso somado ao fato que ele possuía uma aparência pouco agradável mesmo para os padrões de sua raça causaram alguns equívocos a princípio. Por várias vezes Biggorn fora confundido com um monstro devorador de homens, e rumores sobre as propriedades alucinógenas de suas bebidas ou supostas atividades ilícitas em serviço do reino dos minotauros também eram comuns.
Tudo isso não passava de medos infundados. Apesar de sua aparência, Biggorn era dono de uma mente afiada e personalidade amigável. Com o tempo, ele foi capaz de conquistar seu lugar na comunidade com sua cortesia e trabalho duro. Além disso, as bebidas que ele produzia eram de ótima qualidade e se tornaram muito populares em certos círculos da sociedade. Diga-se de passagem, seu estabelecimento esteve entre um dos primeiros a servir licores produzidos a partir das exclusivas frutas locais.
A Última Resistência
Biggorn passou os anos seguintes gerenciando seu estabelecimento pacificamente. Com a crescente popularidade de seus produtos e o decorrente aumento das vendas, ele foi capaz de expandir seus negócios tanto dentro quanto fora da cidade. Muitos acreditavam que o minotauro um dia viria a se tornar um dos homens mais ricos de Gorendill.
Entretanto, assim como muitas outras, esta possibilidade teve um fim prematuro com a Injúria.
Quando a notícia do ataque de Tapista se espalhou, alguns temeram que Biggorn se juntasse aos seus irmãos de pátria. Mas, contrariando tais expectativas, o minotauro manteve-se fiel à Gorendill – chegando inclusive a oferecer sua taverna como refúgio para aqueles que procuravam fugir do conflito entre os invasores e as forças de defesa da cidade. Na ocasião, um grupo de centuriões bateram à sua porta, exigindo que Biggorn provasse sua lealdade para com sua terra natal entregando todos aqueles que haviam se escondido lá dentro. O taverneiro postou-se em frente a entrada e negou vigorosamente o acesso dos outros minotauros, regindo com violência quando estes tentaram invadir o local a força.
Quando os defensores de Gorendill chegaram ao local, encontraram Biggorn empalado à porta por uma lança. Ele havia dado a vida para impedir que seu estabelecimento se transformasse em um açougue.
Devido a este nobre sacrifício, Biggorn ganhou uma reputação única em Gorendill. Enquanto todos os outros minotauros passaram a ser vistos com repugnância depois da Injúria, ele se tornou um dos grandes heróis da cidade. Ao abrir as portas novamente, sua antiga taverna foi rebatizada de Búfalo Bravio em sua honra (apesar de ter sido um fato por muito tempo ignorado, Biggorn pertencia a uma sub-raça de minotauro que possui traços físicos mais próximos a um búfalo).
A Nova Administração
Com a morte de Biggorn, a posse de sua taverna passou para as mãos de Asterio (Humano, Plebleu 5/Curandeiro 1, NB).
Um velho herbalista que até então ganhava a vida vendendo remédios de ervas, Asterio esta entre um dos muitos habitantes de Gorendill que teve sua vida completamente mudada pela Injúria. Companheiro de longa data de Biggorn, ele o ajudava a cultivar seu pomar particular e chegou a aprender com o minotauro um pouco sobre a manufatura de bebidas. Tendo sido testemunha de seu último sacrifício, Asterio decidiu dedicar o resto da vida para preservar o legado deixado por seu amigo. Reuniu as poucas economias que tinha e comprou a Taverna do Minotauro, restabelecendo-a com um novo nome.
Durante a época de Biggorn, a taverna conseguia subsistir apenas como um estabelecimento noturno que servia exclusivamente bebidas alcóolicas. No entanto, mudanças foram necessárias após o herbalista assumir a chefia; mesmo sendo capaz de reproduzir fielmente as receitas do minotauro, Asterio ainda não consegue manufaturar produtos de qualidade equivalente – algo que acabou por afastar boa parte da antiga clientela. Para remediar tal situação, ele instalou uma cozinha simples e fez com que o local também passasse a funcionar como um restaurante durante o dia.
Ademais, enquanto Biggorn conseguia cuidar de todos os aspectos de seu negócio por conta própria, Asterio necessita de ajuda devido a idade. Normalmente, ele conta com a auxílio do cozinheiro Glauco (Halfling, Plebeu 1/Especialista 3, CB) e do jovem Eurigies (Humano, Plebeu 2/Combatente 1, LN), que além de garçom também é encarregado de apaziguar quaisquer brigas e distúrbios que ocorram dentro do estabelecimento. Apenas durante o período diurno, a taverna também emprega duas moças da vizinhança – Fedra (Humana, Plebeu 1, N) e Acacalis (Qareen, Plebeu 2, LB) – como ajudantes de meio expediente.
Rumores e Boatos
- Ainda restam algumas garrafas de licores produzidos por Biggorn armazenadas na dispensa da taverna. Alguns apreciadores de bebidas abastados se mostraram interessados em obtê-las, estando dispostos a pagar uma pequena fortuna para tal. No entanto, Asterio se recusa terminantemente a abrir mãos delas;
- Entre a sua clientela regular, tipos considerados como subversivos pelo Império de Tauron (incluindo – mas não limitados a – guerrilheiros da resistência, libertadores de escravos, membros de cultos clandestinos, e etc) são visões comuns na taverna. Tais indivíduos usam o local como um ponto de encontro com seus partidários em Deheon e além. Diversos movimentos de revolta contra o Império foram idealizados dentro das paredes deste estabelecimento. Se questionado a respeito, Asterio diz não saber nada sobre isso;
- Biggorn realmente era um espião enviado por Tapista. Apesar de ter por anos fornecido sua terra natal com informações sigilosas, ele acabou mudando de lados mais tarde devido a motivos pessoais. Tudo isso pode ser comprovado através de várias cartas e documentos confidenciais que se encontram entre os pertences herdados por Asterio. Tais documentos também revelariam as identidades de diversos agentes do Império que se encontram infiltrados no Reinado até hoje;