Um aviso aos navegantes: após a marcha quase desenfreada dos últimos tempos, decidi fazer dar pequena pausa com relação ao projeto Almanaque das Classes de Prestígio para coletar minhas ideias. Devo retomar meus trabalhos até o fim de semana, mas peço um pouco mais de paciência até lá.
Ao mesmo tempo, um colega me abordou sobre como achou estranho ler “comunas” e “cidadelas” que aparecem nas tabelas do talento Rastreio Urbano – termos bem diferentes da versão original. De fato, a versão apresentada neste blog leva em conta meus próprios padrões referentes a nomeclatura e características das comunidades de Arton. Originalmente minha intenção era ter publicado o texto que eu havia preparado referente ao mesmo junto com o post do Ranger Urbano, mas…
Então, para compensar esta minha mancada e também servir como uma mudança de ritmo, fiquem aqui com este humilde trabalho descritivo.
Comunidades de Arton: Classificações e Características Gerais
Povoados
Pouco mais que um amontoado de residências rústicas arranjadas a uma caminhada de distância entre si, os povoados são as comunidades mais primárias de Arton. Não possuem nenhuma forma de infraestrutura, apresentando padrões de vida em seus níveis mais baixos. Em geral são localizados em áreas remotas, longe de centros urbanos ou rotas comerciais, mas que mesmo assim permitem a sobrevivência humana.
Atividades econômicas costumam se resumir apenas a caça e/ou coleta de frutas e vegetais, mas também existem casos em que a pecuária é realizada em pequena escala. Uma vez que sua existência é extremamente dependente das condições ambientais de onde se encontra, ocasionalmente ocorre de uma dessas comunidades se tornar totalmente desabitada da noite para o dia. A maioria das “cidades fantasmas” do Reinado são, na verdade, povoados que foram abandonados por seus habitantes após estes terem exaurido os recursos naturais da região.
Povoados nunca possuem uma administração formal. Problemas de cotidiano costumam ser resolvidos de forma arbitrária e independente pelos próprios envolvidos. Questões que envolvem a comunidade inteira são sanadas através de um assembleia geral onde (quase) toda a população participa, ou delegadas à uma figura de autoridade local. De forma semelhante, não existe uma milícia ou força militar que cumpra deveres de polícia. Ao invés disso, este papel é desempenhado quando necessário por quaisquer indivíduos tidos como fisicamente hábeis para tal – o que normalmente significa homens na faixa dos 20 à 40 anos de idade.
Uma curiosidade, devido a sua baixa população e o fato de viverem de forma isolada, não chega a ser raro que a maioria (se não TODOS) dos habitantes de um povoado sejam parentes…
População: até 30 habitantes
Exemplos: assentamentos nômades; comunidades bárbaras
Aldeias
Comunidades rurais em sua forma mais clássica. Além de residências, elas também apresentam infraestruturas típicas deste tipo de município (estradas de terra, cercados de madeira e/ou pedras empilhadas, etc..). Quando comparadas aos povoados, elas costumam ser encontradas mais próximas às regiões civilizadas, mas ainda assim isoladas de alguma forma.
Caça e coleta ainda são as atividades econômicas principais desta comunidades, mas não é incomum ver exemplos onde a agricultura e pecuária também sejam realizadas para suprir as necessidades da aldeia. Neste sentido, é normal que se mantenha pelo menos uma fazenda ou campo de cultivo nas vizinhanças, aonde os lavradores e pecuaristas locais possam trabalhar. A presença de comercio é rara, mas ocasionalmente ela ocorre na forma de escambo. Negócios com forasteiros geralmente acontecem só quando se trata da venda de produtos não-essenciais para a comunidade – como obras de artesanato ou raras iguarias locais.
Aldeias dificilmente possuem uma administração burocrática, mas é normal que pelo menos um líder claro seja indicado. Apesar de as vezes este só exercer as atribuições de seu cargo quando estritamente necessário – deixando os aldeões resolver a maioria de seus problemas por conta própria – sua palavra costuma ser final e absoluta. Também pode acontecer do líder tomar um conselheiro; alguém que o ajude a tomar as decisões mais apropriadas para o bem da aldeia (normalmente um sábio ou guia espiritual).
As maiores aldeias costumam manter um grupo de combatentes treinados. Estes agem principalmente como caçadores, abatendo animais em áreas selvagens próximas para obter carne, peles e outras matérias-primas de origem animal. Tendo dito isso, eles também se encarregam de proteger a aldeia contra quaisquer ameaças – sejam elas externas ou internas.
População: 31 à 80 habitantes
Exemplos: comunidades rurais em geral
Vilas
Consideradas por muitos como um estágio intermediário entre as comunidades rurais e urbanas, as vilas artonianas são caracterizadas por possuir elementos de ambas em uma mistura própria. Encontramos aqui infraestruturas verdadeiramente urbanas (ruas asfaltadas, sistema de saneamento, etc.) em suas formas mais rudimentares, existindo lado a lado com propriedades rurais e residências simples, sem grande pompa. Ao mesmo tempo, testemunhamos pela primeira vez a presença de estruturas fundamentalmente divergentes de moradias, construídas com propósitos específicos em mente – como templos religiosos, oficinas de artesões e fortificações militares. Uma vez que dependem do comércio com outras comunidades, poucas são as vilas que se estabelecem muito longe de centros urbanos ou rotas comerciais.
Muitas vilas costumam deixar de lado atividades econômicas mais primárias como caça, pesca e coleta vegetal. Ao invés disso, focam na agricultura e pecuária em larga escala, que visam não apenas suprir as necessidades locais mas também servir para exportação. De acordo com a região em que se encontram, algumas vilas se especializam em produzir matérias-primas de indústrias como a mineração, atividade madeireira e etc. Como já mencionado acima, grande parte das vilas também buscam exportar e comercializar seus produtos com outras comunidades. O típico habitante de uma típica vila é o lavrador que passa meses trabalhando em sua propriedade, só para então viajar para uma cidade de maior porte para vender o produto de seu trabalho. Também vemos aqui o surgimento de alguns ofícios mais simples de prestação de serviços e produção de bens de consumo – como estalageiros açougueiros, ferreiros, marceneiros, e etc.
De forma similar as aldeias, as vilas artonianas sempre possuem um líder claro – um “chefe” por assim dizer. Mas por vezes – especialmente em comunidades mais populosas, e que já estão mais próximas de um centro urbano verdadeiro – acontece desse chefe dividir sua soberania com uma outra figura de autoridade. O exemplo mais comum nestes casos é que haja um prefeito e um xerife com jurisdição sobre a mesma vila, cada um com responsabilidades diferentes; o prefeito cuida da administração da vila, enquanto o xerife faz cumprir a lei e zela pela ordem.
Não vemos ainda a presença de uma milícia treinada nas vilas artonianas, apesar de por vezes haver um xerife. Este procura cumprir os seus deveres da melhor forma que puder, sem envolver civis. Mas quando há uma necessidade explícita para tal, ele pode vir a requisitar o auxílio temporário de combatentes hábeis entre a população local. Apenas em raros casos, o xerife toma um ou mais ajudantes de tempo integral – como delegados e assistentes-de-xerife.
População: 81 à 150 habitantes
Exemplos: Bek’Ground
Comuna
Apenas após chegar a este estágio de desenvolvimento que uma comunidade é reconhecida como um verdadeiro centro urbano. Em regra geral, comunas possuem infraestrutura urbana implementada em larga escala, e suas edificações tem uma qualidade visivelmente superior a aquelas vistas até então. Suas residências são mais cômodas. Seus templos e prédios governamentais são mais pomposos. Suas fortificações são maiores e apresentam maior integridade estrutural. Também como regra, comunas se formam próximos a rotas comerciais já existentes, mas existem casos em que novas rotas comerciais são estabelecidas com o intuito de integrar comunidades particularmente bem-sucedidas.
Fundamentalmente, comunas são entrepostos comerciais – atuando como intermediários na importação e exportação de produtos. Graças a sua posição privilegiada, eles servem como o ponto de entrada para produtos importados na região onde se encontram; mercadorias estrangeiras primeiro chegam aos urbes, para então serem redistribuídas às outras comunidades pelas mãos de comerciantes locais. O contrário também ocorre: mercadorias de vilas e aldeias são coletadas e armazenadas em uma comuna próxima antes de serem “escoadas” para outras terras.
Consequentemente, empórios e outras “casas de comércio” constituem boa parte das atividades econômicas destas comunidades. Ofícios relacionados a produção de bens de consumo e prestação de serviços vem logo depois. No entanto, atividades mais primárias (como agricultura, mineração, etc..) costumam estar completamente ausentes, forçando as comunas a recorrer a outras comunidades para se abastecer de alimentos, matérias-primas e outras necessidades.
Por estas e outras razões, encontrar uma comuna mantendo uma relação quase simbiótica de dependência mútua com diversas vilas e aldeias próximas é uma visão bem comum dentro do Reinado.
Em termos de política, é a partir deste ponto que temos uma administração burocrática formal e relativamente eficiente. Sua gerência já é capaz de não apenas cuidar de seus próprios assuntos, mas também estabelecer relações com outras comunidades. Em muitos casos, o tradicional sistema de governo através de Conselho já se faz presente. Vemos também o surgimento de uma milícia organizada (mesmo que pequena), treinada especialmente para manter a lei e a ordem em sua comunidade.
População: 151 à 2.500 habitantes
Exemplos: Gorendill
Cidadela
O tipo de centro urbano mais comum dentro do Reinado, cidadelas podem ser grosseiramente resumidas como “comunidades fortificadas”. Elas surgem quando uma povoação se estabelece nas imediações de um castelo da nobreza ou forte militar, e estes expandem sua infraestrutura para abranger a mesma. De forma similar as vilas, vemos aqui infraestruturas e edificações de diferentes níveis de desenvolvimento urbano dividindo o mesmo espaço – mas, diferente destas, temos aqui uma demarcação clara entre as mesmas. As áreas mais antigas e/ou próximas do castelo-forte costumam apresentar melhores condições que o resto. Neste mesmo sentido, construções que estejam de alguma forma ligadas ao centro de poder local serão invariavelmente superior às outras, criando assim uma divisão visível entre a oligarquia local e a população.
Geograficamente falando, cidadelas sempre se encontram em locais de destaque (embora alguns defendam que a própria presença da cidadela é o que dá destaque ao local em primeiro lugar). Como regra geral, estas comunidades são estabelecidas em regiões de grande relevância comercial (como no entroncamento de duas ou mais rotas comerciais) ou militar (em fronteiras nacionais ou algum outro ponto estratégico que precise ser vigiado e protegido).
Atividades econômicas em cidadelas tendem a ser bem equilibradas, com atividades de produção e de comercio implementadas em igual escala. Nas proximidades das muralhas externas, diversas fazendas e campos de cultivo podem ser encontrados, enquanto casas de ofício e lojas de comércio prosperam mais ao centro. Por outro lado, normalmente tais atividades estão voltadas para o mercado interno, sendo quase totalmente focadas nas demandas da própria comunidade. Apenas as mais prósperas cidadelas se dão ao luxo de exportar seus produtos.
Por suas próprias origens, cidadelas sempre são bem desenvolvidas nos aspecto governamentais e militares. Sua administração é altamente organizada, com elementos burocráticos presentes em todos os seus níveis de atividade. Elas também possuem forças militares totalmente institucionais, totalmente capazes de suprir seus membros com treinamento formal e equipamentos. Tendo dito isso, é raro que quaisquer destes cheguem a atingir uma escala muito superior ao mínimo estipulado pelas necessidades da comunidade.
População: 2.501 a 12.000 habitantes
Exemplos: Khalifor
Cidade-Satélite
Às vezes chamadas também de “colônias”, as cidades-satélites são um primeiro estágio evolutivo de comunidades totalmente urbanizadas. Ao contrário do que acontecia até então – aonde construções rurais (provenientes de estágios anteriores de desenvolvimento) podiam existir no mesmo espaço em que edificações urbanas – aqui temos a presença quase exclusiva de elementos urbanos. Espaços mais “campestres”, por assim dizer, costumam se limitar a apenas alguns poucos parques e praças. Em contrapartida, quando comparadas a estágios anteriores, as infraestruturas urbanas de cidades-satélites passaram por muitas melhorias em termos de qualidade e desenvolvimento.
Atividades comerciais locais baseiam-se principalmente em ofícios de produção de bens de consumo e prestação de serviços. Pode ocorrer de uma destas comunidades também possuir suas próprias fontes de alimentos e/ou de matérias-primas de indústrias, mas casos como estes são a exceção. Em consequência, elas tendem a ser altamente dependentes do comércio em larga escala com outras comunidades para seu sustento. Naturalmente, cidades-satélites só são encontradas em regiões sob o total domínio da civilização humana – especialmente nas proximidades de rotas comerciais de grande movimento ou em áreas dominadas por diversas comunidades de maior porte.
Em termos de governo, cidades-satélites são altamente desenvolvidas – ao ponto que sua administração chega a possuir setores especializados. Também é neste ponto que temos um poder judiciário mais forte; lei escrita apoiada por um sistema jurídico institucionalizado passa a ser uma visão comum. Ao mesmo tempo, a atuação do setor diplomático não apenas se torna cotidiana, como também vital.
Em termos de poderio militar, cidades-satélites se mostram em um patamar totalmente diferente das comunidades vistas até então. Enquanto outras cidades possuíam – no melhor dos casos – uma milícia capaz de suprir sua necessidade interna de policiamento e proteção, a cidade-satélite já tem um suprimento mais extenso de combatentes bem treinados e equipados. Tal corpo militar não só é capaz de defender sua comunidade, como também estender sua influência para toda a região onde se encontra. Não chega a ser incomum que estas forças armadas sejam parte integrante do exército de seu reino.
População: 12.001 a 25.000 habitantes
Exemplos: Malpetrim
Cidade-Autônoma
“Independente” e “autossustentável” são dois adjetivos que definem bem as cidades-autônomas. A primeira vista, existem muitas poucas diferenças notáveis entre as cidades-autônomas e as satélites; ambas são muito parecidas com relação a características físicas e desenvolvimento de infraestrutura. As divergências começam a aparecer quando se analisa mais a fundo o funcionamento diário das mesmas.
Por exemplo, as cidades-autônomas também têm ofícios de produção de bens de consumo e prestação de serviços como principal atividade econômica. Mas ao contrário das cidades-satélites, é comum que elas mantenham “contratos de exclusividade” informais com campos de cultivo, minas de metais raros, áreas de atividade madeireira e similares que estejam localizadas fora – mas ainda assim não muito longe de – suas muralhas para suprir sua demanda de matérias-primas. Portanto, mesmo sem poder contar com a movimentação de produtos proveniente da atividade comercial, cidades-autônomas conseguem se manter funcionais – dentro de certos limites.
Politicamente falando, cidades-autônomas são existências de peso dentro de seus respectivos reinos. As praticas e posições políticas de suas administrações são capazes de influenciar o curso de toda a nação. Por outro lado, como consequência, as infames “intrigas palacianas” da aristocracia marca presença de forma quase compulsória. Mesmo que isso nunca venha a ser notado pelas massas, não chega a ser incomum que tais governos acabem “ganhando vida própria” – tornado-se um espetáculo à parte dentro do palco político do reino.
Como as cidades-satélites, estas comunidades também são capazes de formar e financiar um corpo militar altamente treinado e equipado. Tendo dito isso, muitas vezes ocorre de um destacamento do próprio exército do reino ser designado para resguardar uma cidade-autônoma em tempo integral, devido à importância política e econômica da mesma.
População: 25.001 a 100.000 habitantes
Exemplos: Triunphus; a grande maioria das capitais reais do Reinado
Metrópole
Metrópoles verdadeiras são casos extremamente raros em Arton; mesmo dentro do Reinado, o número de comunidades deste porte pode ser contado com os dedos das mãos. Devido a este número reduzido, fica difícil classificar as metrópoles de forma adequada em relação a outros centros urbanos.
Como regra geral, metrópoles possuem as mesmas características vistas em cidades-autônomas – mas tudo maior e mais excessivo. Ao mesmo tempo, elas ainda possuem as qualidades (e defeitos) únicas de comunidades que alcançaram esta magnitude. Finalmente, tais comunidades também acabam por desenvolver peculiaridades socioculturais derivadas de sua localização e história.
Para todos os efeitos, deve-se tratar metrópoles de forma independente; possuidoras de circunstâncias que as fazem casos à parte tanto de outras comunidades menores quanto entre si.
População: 100.001 habitantes ou mais
Exemplos: Valkaria, a capital imperial, é a maior e mais famosa metrópole de Arton. Até pouco tempo atrás, este título era rivalizado com a cidade-reino de Lenórienn – a qual, durante a época da Infinita Guerra, abrigava quase toda a população élfica artoniana.