Como minha próxima contribuição, apresento aqui um reestudo da Amazona. Originalmente apresentada na revista Dragon Slayer #4, esta classe de prestígio recebeu uma nova versão no Manual do Combate. Alguns podem estranhar isso; pensando algo como “se já existe uma versão atualizada para o TRPG, por que fazer mais outra então?”
Como sempre, eu tenho meus motivos.
Primeiramente, é preciso deixar claro que existe muito poucas semelhanças entre a classe apresentada na Dragon Slayer e aquela apresentada no Manual do Combate; ao ponto que fica difÌcil descrever uma como a “versão atualizada” da outra. A amazona apresentada na revista era uma guerreira originada de uma comunidade de forte tradição marcial feminina, treinada no tratamento de animais e no uso de sua beleza como arma. Enquanto isso, aquela do Manual era uma rebelde pura e simplesmente – alguém que se voltava contra valores patriarcais e se especializava no combate aos homens.
Ambas as versões tem suas qualidades, assim como seus defeitos. A versão da revista botava certa ênfase na ideia de “beleza como arma”, o que gerava certa polêmica dentro e fora da mesa de jogo. Por outro lado, a versão do manual remove totalmente os traços de “combatentes montadas” das amazonas, ao passo que adiciona – por motivos que nunca cheguei a entender – atributos como devotas de divindades femininas. De acordo com a tradição clássica, a prática de montaria era um elemento fundamental da cultura amazona, enquanto o fervor religioso era mais um traço inusitado, particular de indivíduos específicos (só para dar uma ideia, a rainha amazona Hipólita, famosa por sua participação na saga de Hércules, era conhecida por venerar Ares – uma divindade masculina).
Portanto, resolvi fazer este reestudo apresentando uma nova variação desta classe de prestÌgio – a qual reune o que eu acredito ser os melhores traços de ambas as versões anteriores. Como sempre, sintam-se livres para comentarem com suas impressões e opiniões.
Amazona
Arton é um mundo rico em raças e culturas. Aventureiros são comuns, assim como pessoas com poderes estranhos. Não é raro ver transeuntes em mantos arcanos, armaduras brilhantes ou trajes de sombras, sejam eles homens ou mulheres.
Mas nem sempre foi assim. Nos tempos anteriores a Grande Batalha de Lamnor, os reinos humanos não tinham amigos entre outras raças. Os papéis na sociedade eram mais restritos, tabus eram mais severos – especialmente com relação a mulheres, consideradas “inferiores” na hierarquia social. Armas e magia arcana eram estritamente reservadas a homens, assim como o culto a certos deuses; ao abraçar tais caminhos, as mulheres sofriam terrível preconceito, sendo forçadas até mesmo a esconder-se ou fugir para preservar suas vidas.
Ao longo dos séculos, as mulheres encontraram várias maneiras de praticar seus treinos – marciais ou místicos – longe de olhares intolerantes. Entre elas, talvez as mais radicais tenham sido as guerreiras amazonas, que abandonaram os reinos humanos para formar sua própria sociedade. Esse reino secreto estaria escondido na Floresta da Claricea Vermelha, no extremo sudeste de Lamnor, onde existiria até hoje.
Embora ainda sobrevivam a dominação do continente pela Aliança Negra, as amazonas estão em situação preocupante. Sua cidade acolheu numerosas refugiadas de toda Lamnor. No entanto, a destruição dos reinos humanos acabou com todos os homens – que antes eram capturados para fins de reprodução.
Para evitar a lenta morte de sua cultura, muitas amazonas abandonaram seu lar ancestral em pequenos grupos nômades. A maioria encontra morte ou escravidão nas mãos dos goblinóides. Outras conseguem descobrir e proteger (ou conquistar) pequenas comunidades humanas sobreviventes no continente-sul, tomando seus homens. Algumas, mais desesperadas, decidem que orcs são substitutos aceitáveis e cruzam com eles para ter filhas meio-orcs. E algumas poucas são bem-sucedidas em atravessar o Reino Bestial e cruzar o Istmo de Hangpharstyth, chegando ao território do Reinado. Lá, as amazonas encontraram terras mais tolerantes, onde podem exercer seus talentos sem atrair fúria ou preconceito – mulheres guerreiras são comuns, e até mesmo admiradas.
Amazonas são talentosas na montaria, no trato de animais, uso da espada, lança e arco. Guerreiras orgulhosas, treinadas em combater seus pretensos opressores, e que nunca se entregam a tentativas de intimidação ou controle. De fato, muitos descobrem – tarde demais – que é um erro grave tentar oprimir uma amazona.
Pré-Requisitos
Para se tornar uma amazona, a personagem deve preencher todos os seguintes critérios.
•Bônus base de ataque: +4
•Perícias: treinada em Adestrar Animais, treinada em Cavalgar
•Talentos: Combate Montado
•Especial: apenas mulheres
Características de classe
Pontos de vida: a amazona recebe 5 (+ mod. Con) PV por nível.
Habilidades de Classe
Montaria: você recebe um uma montaria, que funciona exatamente como a habilidade de classe do cavaleiro. Caso tenha níveis de cavaleiro, os níveis de amazona são somados para determinar as características da montaria.
Tradição Marcial: no 1º, 5º e 10º níveis, você recebe um talento de combate a sua escolha. Você ainda deve cumprir quaisquer outros pré-requisitos do talento em si. Além disso, seus níveis nesta classe de prestígio contam como níveis de guerreiro para propósitos de pré-requisitos de talentos.
Evasão: a partir do 2º nível, quando sofre um ataque que permite um teste de Reflexos para reduzir o dano a metade, você não sofre nenhum dano se for bem-sucedido. Você ainda sofre dano normal se falhar no teste de Reflexos. Esta habilidade exige liberdade de movimentos; você não pode usá-la se estiver imobilizado ou estiver usando armaduras médias ou pesadas. Caso já possua esta habilidade, você recebe Evasão Aprimorada ao invés disso.
Rancor Ancestral: você recebe +2 nas jogadas de dano e testes de Intuição, Percepção e Sobrevivência contra criaturas inteligentes (Int 3 out mais) do sexo masculino. Esse bônus aumenta para +4 no 6º nível e +6 no 9º nível. Esta habilidade é idêntica e não-acumulativa com Inimigo Predileto.
Hipólita: você pode escolher 10 em todos os seus testes de Adestrar Animais e Cavalgar. Além disso, uma vez por dia, você pode escolher 20 mesmo em uma situação na qual normalmente não poderia.
Nunca Ceder: a partir do 7º nível, você pode rolar novamente qualquer teste de resistência feito contra encantamentos ou usos da perícia Intimidação. Você deve aceitar a segunda rolagem, mesmo que seja pior que a primeira.
Vingança Amazona: todos os seus ataques recebem um bônus de +1 na margem de ameaça e multiplicador de acerto crítico contra qualquer oponente que tenha tentado usar um efeito de encantamento contra você, ou que tenha tentado influenciá-la com a perícia Intimidação.
Rainha Amazona: no 10º nível, você se torna uma campeã de sua causa – uma inspiração para mulheres e uma inimiga terrível contra homens opressores. Você recebe um bonus de +4 em testes de Carisma contra criaturas inteligentes do sexo feminino e Redução de Dano 10 contra criaturas inteligentes do sexo masculino.